o gato preto rafeiro zarolho com sorte

Eram uma ninhada de cinco gatitos, todos irmãos, vadios. Na escala dos desejos eram na verdade apenas quatro, e mais aquele escuro com um ‘problema no olho’. Quando olho para ele agora acho que aquele gato preto rafeiro zarolho teve muita sorte por ter sido guardado por uma criança que o escolheu justamente porque, (assim sendo), seria o único que não seria escolhido. Quando olho para ele, cheio de cicatrizes da pancada que levou, com o balancear nervoso da cabeça, com aquele pêlo apenas escuro que nem preto é, e com aquele olho transparente desfeiando-o, a ronronar e a raspar-se nas nossas pernas, sinto-lhe a gratidão. Quando olho para ele, para o gato, concluo que também eu tive muita sorte com o dono dele – nem todos os pais se podem orgulhar de poderem aprender tanto com as escolhas dos filhos. Quando olho para ele, para o meu filho, sei que ele poderá nem sempre vir a ter tudo o que quiser, mas sei que há-de querer sempre tudo o que tiver.

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hoje deu-me para isto. enfim, já o gato preto cresceu e partiu pelos telhados afora, um dia, e veio outro, depois, listado. a verdade é que nada disto se passou ontem, e nem sei porque me deu para isto hoje. E tenho ideia de que no antigo blog já me tinha ufanado neste tema. mas hoje deu-me para isto …

… e eles que nunca mais voltam do Algarve caramba!


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