Ao longo de quase 3 anos escrevinhei sem tino nem vergonha tudo o que à caneta se assomou. Depois, aos poucos, a inibição sobreveio, e quando dei por mim tinha dois blogs: aquele que aqui se vê, e o outro, cujos post’s estão em rascunho nos confins desta coisa. Descubro agora por mero acaso que esta plataforma do wordpress permite publicar post’s “privados”. Não é simpático o que confesso, mas não consigo disfarçar que me faz mais desenfreado saber que posso assumir pela escrita as coisas que me incomodam, que as posso até publicar, e ainda assim, escondê-las dos vossos olhos.
De certo modo esta funcionalidade de filtragem torna este blog extraordinariamente parecido com a minha vida. Tal como nela, posso agora aplicar uma película de invisibilidade a cada traço ou acto meu que não ouse partilhar. Posso agora modelar aquilo que quero parecer e extasiar-me ao escrever em privado os meus defeitos e achaques, como se cumprisse arrependimentos sem que ainda assim tenha de os reconhecer.
É entusiasmante, mas é também algo demasiado voraz essa avidez com que pela nossa escrita vamos destapando partes de nós, que desconhecemos, ao mesmo tempo que os outros, por cima dos nossos ombros, nos (as) lêm. Agora, Poderei continuar a escrever ‘liberto’ mas já não terei de me ‘descarnar’ em público. E se um dia isto acabar por me parecer mero exercício entrapado, como aquele com que nos ocupamos a mostrar/esconder-nos na realidade dos dias comuns, não hesitarei em reconhecer que este blog se transformou efectivamente numa cópia enfadonha da minha vida, no que dela imprimo, e no que dela procuro esconder. Nessa altura terei de arranjar um novo confessionário …
humm, o que será que se seguirá aos blogs neste exercício descarado da intimidade?
29 de Janeiro, 2008 at 7:27 pm
Je me souviens encore très bien du carnaval où tu as mis ta photo masquée (ma faute à moi)…
Pourquoi montrer maintenant ton côté droit? Pourquoi pas l’autre?
(Si tu veux mon mot de passe pour accéder à ton privé, dis-le par courriel, d’accord?)
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29 de Janeiro, 2008 at 7:33 pm
de cabeleira verde e em francês ficas mesmo bem pá! (eu tb ainda me lembro desses nossos dislates carnavalescos … aliás, acabei de semi-oficializar o deste ano – e um lado sempre é melhor que nenhum)
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29 de Janeiro, 2008 at 9:04 pm
giraço, mesmo cortado ao meio.
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29 de Janeiro, 2008 at 9:45 pm
Olha que este post tem metade de fora! Tem lá cuidado com isso pá!
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30 de Janeiro, 2008 at 12:13 am
tem é metade para dentro.
(um gajo mete um bocadinho de uma foto e vem logo o mulherio comentar … esta net já não é o que era!)
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30 de Janeiro, 2008 at 11:22 am
Passa-se aos livros!!! Por acaso já pensei nisso, há tanta gente a escrever em blog’s tão bem que se escrevesse um livro eu comprava!!!
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31 de Janeiro, 2008 at 4:39 pm
ah, agora também andas a postar fotos de giraços sacadas na net?!
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31 de Janeiro, 2008 at 5:48 pm
ainda receei publicá-la (fiquei pela metade) … um puto tão novito, sei lá não me arriscaria a ser acusado de pedocoiso
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1 de Fevereiro, 2008 at 12:32 am
Será um exercício descarado mas nunca conseguirá ser a nossa intimidade. Se tivermos mesmo de escrever essa, cria-se um blogue fantasma.
E já que aqui estou não me arranjas uma foto do moçoilo de corpo inteiro para eu publicar na rubrica “o estranho objecto de desejo”?… ;)
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7 de Fevereiro, 2008 at 11:58 am
claro que sim Maria Árvore, com ou sem partes pudibundas?
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