Andamos a trocar fotos entre nós

e nisso repuxam-se memórias que nos são comuns, episódios que ainda partilhamos, e depois até o reparo, o espanto, da semelhança das feições das nossas crias que encontramos nestas crianças de antanho que agora revisitamos.

Mergulhar nesse passado tão longínquo da infância é normalmente um momento plácido, um exercício de serenidade que estimulamos em nós, mas é quase sempre um acto solitário, como se desembrulhássemos uma prenda fabulosa mas não tivéssemos quem connosco pudesse brincar com ela.

Creio que nunca tinha cuidado da extraordinária experiência que é poder fazê-lo lado a lado com outros e retroceder ao mesmo instante da nossa meninice, grafado há 40 anos atrás, sem ter de o desfrutar sozinho. Poder trilhar o nosso passado mais distante e íntimo com outros que o têm também como deles é uma dádiva que, percebo agora, nem todos têm a sorte de poder usufruir. Poder fazê-lo não com um ou dois irmãos, mas com mais cinco, é um festival de memórias, uma orgia de recordações, essa uma dádiva ainda maior, essa que irei sempre querer desembrulhar, com uma enorme gratidão, junto dos meus pais.


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