Monthly Archives: Abril 2007

Luis de Camões, (que bem o diz)

(…)

Que dias há que n’alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.


Das guerras que ficam para contar

Quando chego a casa já o jantar terá acabado. Há muito tempo. Nos dias comuns é a minha mãe quem primeiro chega do trabalho, depois chegará o meu pai, e quando finalmente cai a noite já todos nos vamos sentando à mesa, em família. Mas hoje faltei eu.

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O som perguntou ao vento
Vento para onde me levas tu?
Levo-te para onde moram as saudades do sítio de onde partes – respondeu o Vento. E continuou: – Quando lá chegares serás nada, e eu, Vento, serei apenas Solidão …

[Autor desconhecido]


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Do tempo que me emprestaram

longe.jpg  … Outras vezes sinto-me absolutamente normal. Como se fosse mais um anónimo desse plácido fruir de todos os dias. E deixo-me ficar assim vagabundeando nesse lugar comum da vida onde nada de improvável quero que aconteça. E, por breves momentos, esta invasão súbita da morte, sem ribombar, parece fazer parte apenas de um imaginário cinéfilo.

Prefiro assim. Sem nada saber que me inquiete, sem ter de ouvir algum grito que se desprenda do raspar de pneus lá fora, sem ter de ler algo que me deixe apreensivo, sem sequer precisar de saber do amigo do amigo que faleceu. Nada. Prefiro assim: longe do que me perturba, e poder ser cobarde. Como se a vida fosse uma posologia que devo seguir, escrupulosamente, todos os dias.

Estão altivas as plantas do meu jardim, e os meus filhos cresceram e aproaram-se à vida. A primavera chegou outra vez. O resto, o rasto: o mesmo que já era. Dou graças por este ‘nada mais’, que é assim que prefiro, a preferir que seja assim.